De acordo com o INCA, Instituto Nacional de Câncer ligado ao Ministério da Saúde, no Brasil o câncer de bexiga atinge majoritariamente homens brancos acima de 60 anos. O tabagismo é um dos principais fatores que contribuem com o desenvolvimento da doença, uma vez que triplica as chances do seu aparecimento.
Além do tabaco, sabe-se também que ocupações em que os trabalhadores ficam excessivamente expostos a derivados do petróleo e diversos compostos químicos aumentam o risco de desenvolvimento da enfermidade.
No report anual “Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil” o INCA calcula aproximadamente 11.370 novos casos de câncer de bexiga por ano entre 2023 e 2025 no país – 34.110 em todo o período, um risco estimado de 5,25 casos a cada 100 mil habitantes.
Como a doença é duas vezes mais comum na população masculina, com 7.870 casos em homens para 3.500 em mulheres, em termos proporcionais trata-se de um risco estimado de 7,45 casos novos a cada 100 mil homens e 3,14 a cada 100 mil mulheres.
É importante aprendermos um pouco sobre a bexiga, suas funções e quais são os tipos de câncer que podem ocorrer no órgão para, então, entrarmos nas causas, sintomas e tratamentos da doença.
Localizada na região pélvica, em frente ao intestino grosso, a bexiga é um órgão oco, formado basicamente pelo músculo detrusor, revestido internamente por uma mucosa denominada urotélio.
Sua função é dupla: armazenar a urina que chega dos rins e, depois, contrair-se para eliminar a urina armazenada.
O câncer de bexiga costuma se instalar no urotélio, a mucosa da região interna do músculo, na forma de um ou mais tumores pequenos e localizados. Quando o câncer se limita à esta estrutura, é chamado de superficial. Se não for tratado, pode invadir a musculatura profunda.
De acordo com o Instituto Vencer o Câncer, ao longo de uma década, até 80% dos tumores de bexiga localizados (carcinomas in situ) não tratados ou que não tiveram boa resposta ao tratamento evoluem para carcinomas invasivos. Isso significa que as células cancerígenas se espalham para a parte externa da bexiga, chegando até a outros órgãos como a próstata, o reto ou o útero.
Os tumores malignos de bexiga são classificados como “carcinomas de células transicionais”, “carcinomas epidermóides”, “adenocarcinomas” e “carcinomas de pequenas células”.
Os “carcinomas de células transicionais” representam 90% dos tumores de bexiga, enquanto os outros 10% representam formas mais raras da doença e estão entre os “carcinomas epidermóides”, os “adenocarcinomas” e os “carcinomas de pequenas células”.
É importante lembrar que em caso de diagnóstico suspeito, é indispensável consultar um médico especialista para melhor entendimento dos exames e definição da conduta mais adequada.
Na fase inicial os sintomas do câncer de bexiga podem ser sutis e facilmente confundidos com outras condições menos graves.
Um dos sintomas mais frequentes é o sangue na urina, denominado “hematúria”. O sangue pode tanto ser visível a olho nu, apresentando uma urina rosa, vermelha ou marrom, como pode ser visível apenas por microscópico. Exames laboratoriais de urina podem verificar a presença de sangue no xixi.
Outro sintoma é a sensação de incontinência urinária, mas com volume muito pequeno e forte ardência ao urinar: o aumento na frequência da vontade de urinar, sem um aumento proporcional no volume de xixi deve servir de alerta, assim como a urgência urinária – quando dá uma vontade intensa de fazer xixi mesmo que a bexiga não esteja cheia. Outro sintoma que deve ser investigado é a sensação de dor, queimação ou desconforto durante a micção.
O diagnóstico precoce do câncer de bexiga é essencial para maiores chances de êxito no tratamento. Esse diagnóstico pode ser realizado por exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos específicos.
Pessoas sem sintomas, mas que pertençam a grupos de risco, podem realizar exames periódicos de rastreamento.
Na fase avançada do câncer de bexiga os sintomas tendem a ser mais graves e podem indicar que o câncer se espalhou para outras partes do corpo. Os sintomas comuns nessa fase incluem dor intensa na região pélvica, lombar ou em áreas onde o câncer se espalhou, como ossos e fígado.
O sangue na urina, sintoma presente na fase inicial, também pode se apresentar aqui, só que de forma mais frequente e intensa. Uma possível obstrução na uretra pode levar à dificuldade ou até incapacidade de urinar. Junto a isso, outros sintomas como inchaço nas pernas, perda de peso significativa e rápida, perda de apetite, anemia, problemas digestivos, fadiga extrema e sintomas respiratórios podem surgir caso o câncer tenha se espalhado para outros órgãos.
Nessa fase, junto aos cuidados oncológicos é crucial buscar cuidados médicos paliativos para alívio dos sintomas e melhora da qualidade de vida do paciente.
O câncer de bexiga pode ser causado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Listamos aqui algumas das principais causas e fatores de risco.
Ao estar ciente desses fatores de risco a pessoa pode, sempre que possível, tomar medidas preventivas, como evitar o tabagismo, que é o principal fator de risco do câncer de bexiga, além de reduzir a exposição a produtos químicos nocivos e realizar exames de rastreamento periodicamente com acompanhamento médico.
O câncer de bexiga pode ser tratado e tem grande chance de cura, especialmente se for diagnosticado e tratado precocemente. A gravidade e o prognóstico do câncer de bexiga dependem principalmente de fatores como estágio e grau de agressividade da doença, tratamento e resposta do paciente, além de suas condições gerais de saúde.
O diagnóstico do câncer de bexiga pode ser realizado por meio de exames de urina e de imagem, como a ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e a cistoscopia (exame interno na bexiga por um instrumento com câmera). Durante a cistoscopia podem ser retiradas células para biópsia.
É necessária uma avaliação global da extensão da doença (se superficial ou se invasiva), da idade e do quadro de saúde geral do paciente para que a equipe médica possa indicar o tratamento mais adequado.
Os principais tratamentos para o câncer de bexiga são a cirurgia, a terapia intravesical, a quimioterapia, a radioterapia, a imunoterapia e a terapia alvo, além da participação em ensaios clínicos. Em muitos casos uma combinação desses tratamentos pode ser utilizada.
Abaixo descrevemos alguns dos tratamentos que contam com mais de uma forma de apresentação ou aplicação no paciente.
No caso da cirurgia, ela pode ser de três tipos:
Quando o tratamento envolve quimioterapia, ela poderá ser intravesical ou sistêmica:
A imunoterapia também conta com duas possibilidades de aplicação:
A escolha do tratamento é personalizada com base na extensão do câncer e nas condições individuais do paciente. Geralmente, o diagnóstico é confirmado pelo médico urologista, que vai estabelecer, junto ao médico oncologista, o plano de tratamento mais adequado, caso a caso.
Fontes:
https://portaldaurologia.org.br/files/arquivos/filedc38cc114bfced20dae589e001d97754.pdf
https://www.oncoguia.org.br/conteudo/inibidores-imunologicos/7962/922/