Quer saber qual seu nível de incontinência urinária? Nesta publicação ajudamos a identificar e entender quais medidas são necessárias para cada nível. Confira!
No Brasil, estima-se que aproximadamente 12 milhões de pessoas convivam com a incontinência urinária, condição que inicialmente pode causar não apenas desconforto físico, mas também impactos emocionais e sociais significativos.
No entanto, com informação e conhecimento, é possível manejá-la de modo a manter as atividades do dia a dia. Para isso é essencial, em primeiro lugar, identificar os níveis e tipos de incontinência, para que se possa então buscar as soluções mais adequadas.
Saiba como identificar o nível de incontinência urinária
Identificar o nível de incontinência urinária é essencial para determinar a gravidade da condição e buscar o tratamento mais adequado. Alguns passos importantes incluem:
- Observe os sintomas: repare na frequência e no volume das perdas urinárias, bem como nas situações em que elas ocorrem.
- Faça registros: um diário miccional pode ajudar a monitorar os episódios de incontinência. Anote os horários, as atividades realizadas no momento das perdas e outros fatores relacionados.
- Procure orientação profissional: consulte um médico especializado, como um urologista ou ginecologista, que pode realizar exames específicos e fornecer um diagnóstico preciso.
- Considere os fatores de risco: nas mulheres, alterações hormonais, gravidez, menopausa podem influenciar na progressão da incontinência. Nos homens, alterações da próstata e cirurgia da próstata são os principais fatores de risco. Obesidade, doenças neurológicas, doença pulmonar obstrutiva, distúrbios cognitivos, podem estar associados aos escapes de urina em mulheres e homens.
Os níveis de incontinência urinária
A incontinência urinária pode ser classificada em diferentes níveis, conforme sua frequência e quantidade. A análise desses fatores ajuda os profissionais da saúde a compreenderem a extensão do quadro e determinarem a abordagem terapêutica mais apropriada.
- Incontinência leve: é definida pelo escape de urina em pequena quantidade (gotas) que ocorre com baixa frequência (ex: uma vez por semana ou esporadicamente).
- Incontinência moderada: quando os escapes de urina ocorrem com maior frequência e em maior volume, como pequenos ou grandes jatos (ex: diariamente, ou algumas vezes por semana).
- Incontinência severa: quando os escapes de urina ocorrem várias vezes ao dia, em moderada ou grande quantidade.
Compreender o nível de incontinência e o impacto gerado na qualidade de vida da pessoa é o primeiro passo para o diagnóstico médico e para a escolha do tratamento mais adequado a cada tipo de incontinência.
A importância de entender qual seu nível de incontinência
Saber exatamente qual é o seu nível de incontinência urinária é essencial por diversas razões. Primeiramente, isso permite que o tratamento seja direcionado de forma mais eficaz, evitando soluções genéricas que podem não atender às necessidades específicas do paciente.
Além disso, compreender a gravidade do problema ajuda a reduzir o impacto emocional e psicológico, promovendo maior segurança e autonomia.
Uma identificação precisa ajudar, ainda, na prevenção de complicações, como infecções urinárias recorrentes e problemas dermatológicos em função da umidade constante na região genital, como a Dermatite Associada à Incontinência – a popular “assadura”.
Tipos de incontinência urinária
A incontinência urinária pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da causa subjacente. Os principais tipos são:
- Incontinência de esforço: é a perda de urina que ocorre durante atividades que aumentam a pressão intra-abdominal, como tossir, carregar peso, espirrar, praticar atividades físicas.
- Incontinência de urgência: associada à hiperatividade da bexiga, caracteriza-se por uma vontade repentina e incontrolável de urinar, geralmente acompanhada de perdas significativas. Essas crises podem ocorrer diversas vezes ao dia, mesmo quando a bexiga ainda não está completamente cheia.
- Incontinência mista: é uma combinação dos tipos anteriores, em que o paciente apresenta tanto perdas urinárias por esforço, quanto episódios de escapes de urina por urgência.
- Incontinência funcional: decorre de limitações físicas ou cognitivas em consequência, por exemplo, de doenças neurológicas – como Acidente Vascular Cerebral, Doença de Parkinson, Doença de Alzheimer ou Trauma Raquimedular, que dificultam ou impedem o deslocamento até um banheiro para esvaziamento da bexiga. É uma condição comum em pessoas acamadas, com mobilidade reduzida. Pode ocorrer também em pessoas que apresentem doenças reumatológicas – como a artrite – que pode, por exemplo, impedir a abertura da calça a tempo.
- Incontinência por transbordamento: nesses casos, a bexiga já está repleta de urina, mas a pessoa apresenta dificuldade de esvaziamento completo por conta de alterações neurológicas ou por problemas obstrutivos, como aumento da próstata nos homens. A perda urinária ocorre em pequenos volumes, porém sem o esvaziamento completo da bexiga.
Quais medidas tomar de acordo com o nível de incontinência
É importante reforçar que um médico deve ser consultado para o diagnóstico correto do tipo de incontinência, bem como para definir a condução mais apropriada em cada caso. Algumas opções incluem:
Para incontinência leve e moderada:
- Mudanças de estilo de vida: reduzir o consumo de cafeína, evitar bebidas alcóolicas e manter um peso saudável podem minimizar os sintomas.
- Terapia comportamental: o treinamento da bexiga, estabelecendo intervalos regulares para urinar, pode ajudar no controle dos sintomas.
- Medicações: alguns medicamentos podem atuar na melhora dos sintomas da incontinência urinária. A escolha do medicamento depende de avaliação médica e do tipo de incontinência.
Para incontinência severa:
- Intervenções cirúrgicas: procedimentos como a implantação de um sling em mulheres com incontinência urinária por esforço, que consiste na colocação de uma fita cirúrgica abaixo da uretra, oferecendo suporte aos músculos do assoalho pélvico. Nos homens com incontinência severa, pode ser indicada a cirurgia de sling masculino, ou a implantação de um esfíncter artificial.
- Cateterização intermitente: em casos de incontinência por transbordamento, sempre com indicação médica, esvaziar a bexiga com o uso de um cateter uretral pode ser uma solução temporária ou permanente. O treinamento do paciente ou do familiar para realização deste procedimento deve ser feito por um enfermeiro especialista na área.
Para todos os níveis:
- Nos casos de pessoas acamadas e com incontinência severa: é indicado o uso de fraldas para adultos e idosos, que proporcionem conforto e segurança, com excelente performance de absorção, material macio e respirável e fitas ajustáveis, que permitem abrir e fechar o produto quantas vezes forem necessárias.
- Suporte emocional: participar de grupos de apoio ou buscar terapia pode ajudar a lidar com os aspectos psicológicos da condição.
- Educação sobre a condição: conhecer mais sobre a incontinência e os recursos disponíveis pode empoderar o paciente na busca por soluções.
A incontinência urinária é uma condição complexa que pode afetar significativamente a qualidade de vida.
Identificar corretamente o nível e o tipo de incontinência é decisivo para adotar medidas eficazes e personalizadas. Com o suporte adequado, é possível conviver com essa condição, manejar os sintomas, prevenir complicações e restaurar a confiança para enfrentar os desafios diários com segurança e qualidade de vida.
Fontes:
- https://www.researchgate.net/publication/369629001_Leaking_all_the_time_and_for_no_obvious_reason_are_clinical_markers_of_incontinence_severity_A_cross-sectional_study
- Tamanini, J; Dambros, M; D’Ancona, C; Palma, P; Netto, N. (2004). Validation of the “International Consultation on Incontinence Questionnaire – Short Form” (ICIQ-SF) for Portuguese. Revista de Saúde Pública. 38. 438-44.